Ser livre é

domingo, julho 31, 2005

O inexplicável... explicado

"AS PESSOAS GUARDAM A MEMÓRIA

As pessoas, depois de entrarem na nossa vida, nunca mais saem, nem com “ordem de despejo”. É assim com os pais, mesmo quando são contraditórios nos seus afectos para connosco, como com quem nos apaixonamos.

Pode parecer de uma grande promiscuidade interior, mas – ao contrário do que nos autorizamos a pensar – embora vivamos com alguém, vivem com essa pessoa e connosco todos aqueles que foram conquistando um lugar dentro de nós. É, aliás, saudável que assim seja, assim nós possamos comparar essas pessoas nos pequenos gestos, na forma como nos forma surpreendendo, no modo como ama ou se zangam.

Fazer por esquecer uma pessoa que faça parte de nós é como contar carneiros para adormecer: torna-nos mais despertos para ela e incomoda em vez de sossegar.

A melhor forma de se ficar preso a um pensamento é fugir dele. Sendo assim, esquece-se mais facilmente um namorado sempre que é relembrado e essas memórias nos balizam a expectativa e a exigência que iremos colocar noutras relações.

As pessoas guardam-nos a memória. São como um semáforo que se acende sempre que alguém que conhecemos mal se aproxima de uma memória que guardamos. Todos nós fazemos, intuitivamente, isso, quando exigimos a alguém que entra de novo na nossa vida que repare todas as feridas que alguém, antes de si, nos provocou.

A melhor forma de esquecer um namorado é fazer por recordá-lo, muitas vezes."

Eduardo Sá
Quantas vezes não pensamos em tentar esquecer algumas situações?
De acordo com Euardo Sá, psicologo, parece que afinal essa não é a solução...

quinta-feira, julho 28, 2005

Problema de Expressão

Já aqui deixei uma foto, um poema, uma passagem de um livro e agora aqui fica uma música... LINDA!


"Só pra dizer que te Amo,
Nem sempre encontro o melhor termo,
Nem sempre escolho o melhor modo.

Devia ser como no cinema,
A língua inglesa fica sempre bem
E nunca atraiçoa ninguém.

O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe,
Como o mar está do céu.

Só pra dizer que te Amo
Não sei porquê este embaraço
Que mais parece que só te estimo.

E até nos momentos em que digo que não quero
E o que sinto por ti são coisas confusas
E até parece que estou a mentir,
As palavras custam a sair,
Não digo o que estou a sentir,
Digo o contrário do que estou a sentir.

O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe,
Como o mar está do céu.

E é tão difícil dizer amor,
É bem melhor dizê-lo a cantar.
Por isso esta noite, fiz esta canção,
Para resolver o meu problema de expressão,
Pra ficar mais perto, bem mais de perto.
Ficar mais perto, bem mais de perto."

Pedrito:
Obrigada pelos acordes!
Já estou a aprender a tocar, para a próxima tocamos juntos (se eu me atrever).lol

Palavras bonitas, mentes bonitas e corações cheios.
A receita para a felicidade não existe...
Mas temos que fazer o melhor, para que,
cada pitada de sal, cada pitada de açucar e cada condimento adicionado,
se torne sempre muito especial.

domingo, julho 24, 2005

Para um dia chuvoso...


... nada melhor do que o SOL!

sábado, julho 23, 2005

Pierrot e Arlequim

Aqui estou eu a escrever o meu primeiro texto! Já há muito tempo que venho falando a alguns amigos desta Peça de Teatro, por várias motivos... o ensinamento que cada um deve tirar dela, é de cada um.

A verdade é que muitas vezes as pessoas se esquecem de coisa muito básicas, das coisas que são realmente importantes e quando querem voltar atrás, quando querem fazer o que não fizeram, o que não disseram ... ups... já era.

Acima de tudo devemos sempre experimentar as coisas até ao limite (e cada um tem o seu limite).

Não devemos ficar com as dúvidas: Vale a pena ou não? Devo ou não viver isto? Devo falar? Devo dizer o que sinto? Se não experimentarmos nunca vamos saber, e se chegarmos ao fim e acharmos que não valeu a pena, ao menos vamos ter essa certeza. As dúvidas são o que nos mata...

Viver não é fácil, mas o ser humano tem tendência a complicar as coisas ainda mais.

Espero que gostem e que tenham uma boa reflexão

Já alguém viu um Pierrot ou um Arlequim que fossem casados?
Ninguém podia ver, porque ambos morreram solteiros.
O Pierrot nunca perdeu aquela mania de andar sempre metido consigo, e o Arlequim que já tinha 37 mil histórias por cima das 37 mil histórias que já tinha, o tempo foi passando e eles sempre na mesma, até que um dia acabou-se o tempo que cabia a cada um.
Depois os amigos do Pierrot e do Arlequim foram fazer-lhe uma visita ao cemitério. As suas covas eram ao lado uma da outra e à cabeceira de cada um tinha um cipreste; mas a árvore, em vez de lhes fazer companhia dava ainda mais a impressão do seu completo isolamento.
E enquanto os amigos caíam em meditação, começou inesperadamente este diálogo.

Arlequim: Ouve, ouve Pierrot!
Pierrot: O que há ainda?
Arlequim: Ouve: tive uma ideia!
Pierrot: Mais uma ideia?
Arlequim: Sim, sim! Chegou agora mesmo!
Pierrot: Não achas que chegou tarde?
Arlequim: É porque tu não sabes a ideia que é!
Pierrot: Tinha-te escapado essa!
Arlequim: É verdade. E é a melhor de todas! Até estou admirado como não a tive há mais tempo! Queres ouvi-la?
Pierrot: Escuta, Arlequim!
Arlequim: O que foi?
Pierrot: Tive uma ideia!
Arlequim: Não, espera um pouco: deixa-me contar primeiro a minha.
Pierrot: Não, não pode ser! Primeiro conto eu.
Arlequim: Quem teve primeiro a ideia fui eu!
Pierrot: Ah, vê-se mesmo que não sabes qual a ideia que eu tive agora mesmo! Senão não falavas da mesma maneira…
Arlequim: Oh, e se tu ouvisses a minha!
Pierrot: Não pode haver comparação!
Arlequim: Isso mesmo digo eu!
Pierrot: Eu não tenho forças p’ra escutar a tua sem te ter dito a minha!
Arlequim: É o que acontece comigo.
Pierrot: Tanto pior para ti!
Arlequim: É impossível haver uma ideia mais genial que a minha!
Pierrot: Oh, e a minha!
Arlequim: Somos capazes de ter tido a mesma ideia!
Pierrot: Oh, não, é impossível! Vais ver: eu conto-te a minha, e a tua fica logo a perder de vistas.
Arlequim: Não digas fantasias! Tu lá sabes o que me veio à cabeça!? Digo-te mais: é o suficiente pr’a voltar o mundo inteiro de pernas para o ar!
Pierrot: Ora aí está! Afinal sou eu que tenho razão: tu precisas de ouvir primeiro que tudo a minha ideia.
Arlequim: Mas porquê?
Pierrot: Pois tu acabas de dizer que a tua ideia faz voltar o mundo de pernas para o ar: tens que ouvir primeiro a minha ideia.
Arlequim: Bom: conta-a lá, mas depressa!
Pierrot: A minha ideia é esta: pedir-te pr’a que não digas a tua ideia.
Arlequim: Ora essa. Porquê?
Pierrot: Pensa porque será.
Arlequim: Não sei porquê.
Pierrot: Então eu digo-te: porque tu e eu, nós os dois, já não existimos. Ambos nós morremos e estamos aqui enterrados os dois, cada um na sua cova, e tão sós como o estivemos na vida. Ouviste bem? A morte já veio ter connosco, e ela é como tu dizias da vida: é só uma. Agora já não há ideias que nos valham! Acabou-se tudo: o que foi feito e o que não foi feito!
Arlequim: O que não foi feito?
Pierrot: Sim. O pior não é o que fizemos, é o que não fizemos!... E agora já é tarde, muito tarde! Estás a ouvir?
Arlequim: É verdade! Acabou-se tudo!... E ia tudo tão bem desta vez! Tu não imaginas que genial era a minha ideia!
Pierrot: Escapou-se essa! Tu não dizias que a vida era só uma, e que havias de espremê-la muito bem espremidinha até ao fim?
Arlequim: Escapou-me a melhor de todas!
Pierrot: Tem graça, não tem? Ter escapado a melhor de todas!
Arlequim: Dou-te a minha palavra de honra que era a melhor de todas!
Pierrot: Escusas de me dar a palavra de honra, porque sei que dizes a verdade. Também a mim me escapou a melhor de todas!
Arlequim: Tem graça a ti também?
Pierrot: É verdade a mim também.
Arlequim: Não há dúvida: agora já é tarde.

Cai o pano para sempre.